Além da violência bruta das emboscadas, saques, mortes e incêndios que arrasaram o Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar do Rio das Mortes, a Guerra dos Emboabas lançou fortes luzes sobre a semente de São João del-Rei. Por isso o governo português na Capitania das Minas de Ouro, mal acabado o sangrento conflito, em 1713 transformou o nascente arraial em Vila de São João del-Rei, mantendo nela olhos de severa vigília.
Certamente foi neste intuito que o governador da Capitania, Dom Pedro de Almeida Portugal, Conde de Assumar, visitou a vila em 1717, ocasião em que São João del-Rei mostrou para a metrópole e para a colônia sua vocação musical. Depois voltou aqui várias vezes, ainda na segunda década do século XVIII.
Dois anos depois da primeira visita, no dia 25 de agosto de 1719, novamente ele estava na Vila de São João del-Rei, pois daqui escreveu para o Senado da Câmara local informando que já estavam no Rio de Janeiro as tropas que serviriam nos quartéis desta Vila. Por isso, orientava que se apressassem na finalização das obras das fortalezas, pois enquanto elas não ficassem prontas os militares ocupariam as casas dos moradores da Vila, o que reconhecia sem dúvida ser "causador de grande opressão, que era preciso evitar". E finalizou a mensagem com um pedido que, a bem da verdade, era uma velada advertência: "Espero de seu zelo o façam de sorte que fique Sua Majestade servida e os povos sem vexação".
A visita do Governador a São João del-Rei não foi breve nem de cortesia, pois no dia 28 de agosto do mesmo ano ainda estava na Vila, agora empenhado em vistoriar a construção, já em curso, da Casa de Fundição. Na mesma data e sobre o mesmo assunto, escreveu duas cartas, destinadas a duas autoridades do Rio de Janeiro. Para um, noticiou que as obras estavam adiantadas e que os soldados e mais materiais para finalizar as construções logo chegariam . Para o outro, informou já ter recebido os equipamentos necessários para o funcionamento da Casa de Fundição e pediu que se comprasse, no Rio de Janeiro, os cavalos que serviriam para o trabalho das tropas que guardariam a Vila, impedindo que o ouro fosse desviado do local de fundição, e as estradas, para que as riquezas não fossem roubadas em assaltos de bandoleiros.
Esta visita do nobre e cruel conde português não saiu barata e, como sempre acontece, quem a custeou foram os cofres públicos. Naquela época custou nada mais, nada menos, do que 275 oitavas de ouro, pagas pelo Senado da Câmara. Mas os quartéis não foram construídos e quem bancou a hospedagem dos militares foi mesmo o povo da Vila de São João del-Rei, dividindo com eles as próprias casas.
Tudo indica que o Conde de Assumar gostava mesmo de escrever. No dia 6 de agosto de 1720, redigiu uma correspondência para alguns moradores da Vila de São João del-Rei, agradecendo a lealdade e a oferta de escravos para a defesa do Governo na sedição militar de Vila Rica. Quatro dias depois escreveu para o Senado da Câmara local, desta vez para elogiar e agradecer a fidelidade do povo são-joanense. Na ocasião, mostrou ao emissário, FelicianoVaz Pinto de Vasconcelos, a cópia manuscrita da carta que enviou à Sua Majestade "nomeando a todos pelos seus nomes e pedindo que tanto a estes quanto a esta Câmara os honre com as mais avantajadas mercês e privilégios". No dia 6 de setembro, nova carta, agora endereçada para o Ouvidor Geral da Vila de São João del-Rei, recomendando que não se pagasse mais do que uma libra de ouro aos vigários, diferentemente do que era feito em outras vilas, até que chegasse outra ordem real.
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Fonte: CINTRA, Sebastião de Oliveira. Efemérides de São João del-Rei, volume II, 2a edição - revista e aumentada. Imprensa Oficial de Minas Gerais. Belo Horizonte, 1982.
Certamente foi neste intuito que o governador da Capitania, Dom Pedro de Almeida Portugal, Conde de Assumar, visitou a vila em 1717, ocasião em que São João del-Rei mostrou para a metrópole e para a colônia sua vocação musical. Depois voltou aqui várias vezes, ainda na segunda década do século XVIII.
Dois anos depois da primeira visita, no dia 25 de agosto de 1719, novamente ele estava na Vila de São João del-Rei, pois daqui escreveu para o Senado da Câmara local informando que já estavam no Rio de Janeiro as tropas que serviriam nos quartéis desta Vila. Por isso, orientava que se apressassem na finalização das obras das fortalezas, pois enquanto elas não ficassem prontas os militares ocupariam as casas dos moradores da Vila, o que reconhecia sem dúvida ser "causador de grande opressão, que era preciso evitar". E finalizou a mensagem com um pedido que, a bem da verdade, era uma velada advertência: "Espero de seu zelo o façam de sorte que fique Sua Majestade servida e os povos sem vexação".
A visita do Governador a São João del-Rei não foi breve nem de cortesia, pois no dia 28 de agosto do mesmo ano ainda estava na Vila, agora empenhado em vistoriar a construção, já em curso, da Casa de Fundição. Na mesma data e sobre o mesmo assunto, escreveu duas cartas, destinadas a duas autoridades do Rio de Janeiro. Para um, noticiou que as obras estavam adiantadas e que os soldados e mais materiais para finalizar as construções logo chegariam . Para o outro, informou já ter recebido os equipamentos necessários para o funcionamento da Casa de Fundição e pediu que se comprasse, no Rio de Janeiro, os cavalos que serviriam para o trabalho das tropas que guardariam a Vila, impedindo que o ouro fosse desviado do local de fundição, e as estradas, para que as riquezas não fossem roubadas em assaltos de bandoleiros.
Esta visita do nobre e cruel conde português não saiu barata e, como sempre acontece, quem a custeou foram os cofres públicos. Naquela época custou nada mais, nada menos, do que 275 oitavas de ouro, pagas pelo Senado da Câmara. Mas os quartéis não foram construídos e quem bancou a hospedagem dos militares foi mesmo o povo da Vila de São João del-Rei, dividindo com eles as próprias casas.
Tudo indica que o Conde de Assumar gostava mesmo de escrever. No dia 6 de agosto de 1720, redigiu uma correspondência para alguns moradores da Vila de São João del-Rei, agradecendo a lealdade e a oferta de escravos para a defesa do Governo na sedição militar de Vila Rica. Quatro dias depois escreveu para o Senado da Câmara local, desta vez para elogiar e agradecer a fidelidade do povo são-joanense. Na ocasião, mostrou ao emissário, FelicianoVaz Pinto de Vasconcelos, a cópia manuscrita da carta que enviou à Sua Majestade "nomeando a todos pelos seus nomes e pedindo que tanto a estes quanto a esta Câmara os honre com as mais avantajadas mercês e privilégios". No dia 6 de setembro, nova carta, agora endereçada para o Ouvidor Geral da Vila de São João del-Rei, recomendando que não se pagasse mais do que uma libra de ouro aos vigários, diferentemente do que era feito em outras vilas, até que chegasse outra ordem real.
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Fonte: CINTRA, Sebastião de Oliveira. Efemérides de São João del-Rei, volume II, 2a edição - revista e aumentada. Imprensa Oficial de Minas Gerais. Belo Horizonte, 1982.
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