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Capela de Santo Antônio, São João del-Rei (dez/2011) Foto do autor |
Em São João del-Rei, musical, poética, estranhamente bela é a Rua Santo Antônio. Desafiando a gravidade, muitas de suas casas - ora térreas, ora assobradadas - jogam para trás suas paredes, recuam seus beirais de cachorro e de beira-seveira, algumas, até, os aéreos baldaquinos. Por que tudo isso?
Porque se extasiam com a graça da capelinha de Santo Antônio, setecentista pepita barroca, avulsa na paisagem comprida e retorcida da encosta por onde, há três séculos, entraram brancos bandeirantes, passaram morenos sertanistas, transitaram mulatos compositores sacros, vagaram negros escravos e forros.
Tão pequena quanto a palma da mão, a igreja é construção colonial, edificada antes de 1764, conforme relata o historiador Antonio Gaio, no seu livro Sanjoanidades. Também sobre a mesma capela, o historiador Geraldo Guimarães, na obra São João del-Rei Século XVIII, conta que um testamento de 1778 oficializa doação para a capela de Santo Antônio do Tejuco, assim como no ano seguinte, 1779, ali se realizaram casamentos de escravos.
Mantendo tradição fervorosa, muitos são-joanenses visitam a capela toda terça-feira, onde acendem velas votivas em reverência ao santo, aliás muito popular e poderoso. Atribuem a Santo Antônio poderes importantes, como arranjar casamentos e 'afugentar demônios e tentações infernais, encontrar objetos perdidos, acalmar mares e furacões'.
Para o bem de todos e felicidade geral de São João del-Rei, a capela de Santo Antônio está sendo mais valorizada no calendário religioso e cultural da cidade. Foi incluída no roteiro das visitações da Quinta Feira Santa e da Sexta Feira da Paixão e também da Procissão de Corpus Christi, onde o bispo dá a primeira bênção do cortejo.
Sempre que for visitá-la, observe a sofisticada cruz de pedra em seu frontão, o grande sino atipicamente instalado em uma janela, a artística balaustrada de madeira escura, os diminutos púlpito e coro e a beleza da talha de seu altar-mor.
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