Lembrando os antigos carnavais, São João del-Rei pode rimar alegria e folia com soberania e cidadania!
Não são só a lembrança e a saudade dos são-joanenses mais velhos que dizem. Fotografias, panfletos, jornais antigos, marchas-rancho e sambas testemunham como era singular e grandioso o Carnaval de São João del-Rei por quase oito décadas no século XX.
Esta fotografia, de 1923, mostra como era aristocrático, respeitado, elegante e refinado o Club X - no estandarte identificado como X PTO. O Rancho Carnavalesco Custa Mas Vae, na marcha-rancho composta em 1929, para servir-lhe de hino, esnobou lirismo, erudição e conhecimento da mitologia grega para exaltar uma das mais antigas agremiações carnavalescas de São João del-Rei. Seu compositor, J. Colombiano, vulgo Collombo, assim escreveu:
"Como estrela a cintilar
a luzir lá no céu / sempre azul.
Tal é o Custa Mas Vae
rivalizando com o Cruzeiro do Sul.
Phebo morre de ciúmes de ti
porque brilhas no Carnaval.
Vênus te rende homenagens.
És o Rancho Escola
o Rancho ideal.
És forte como Hércules,
T eu passado é de glória.
Tens um porvir glorioso,
viva a folia, viva a vitória!
És bravo com denodo,
e todos de ti bem dizem.
Do Carnaval és a nata,
brava gente heróica e juvenil.
Qual farol que ilumina o caminho,
tu és vencedor.
Sempre, sempre altaneiro,
brilhas com muito e com grande esplendor.
Do civismo és a alta expressão.
Tu jamais serás abatido.
Timoneiro valoroso,
és o Rancho Escola,
o Rancho ideal!"
Por tanta beleza e tanta riqueza, já é hora de se começar a pensar na criação de um pequeno memorial do Carnaval de São João del-Rei - ação que bem pode ser capitaneada pela Secretaria de Cultura, dedicando para isto uma sala do Museu Tomé Portes del-Rei. Ninguém melhor do que a Associação São-joanense das Escolas de Samba, Blocos e Ranchos para sair em campo na busca de materiais como fotografias, fantasias e adereços, desenhos de figurinos e alegorias, letras, gravações e partituras de sambas-enredo. Tudo com a participação e apoio dos antigos e novos carnavalescos, foliões, intelectuais, historiadores e ONGs que se dedicam à questão da cultura e da memória.
Aliás, por falar nisso, há anos a Atitude Cultural atua com esta visão. Além de criar o Carnaval de Antigamente, formou um banco eletrônico de imagens sobre o tema, a partir de imagens digitais cedidas pelos próprios carnavalescos, foliões e por suas famílias. Este material está o tempo todo disponível na internet e, na ocasião do Carnaval, sai às ruas para exposições itinerantes a céu aberto.
Quem foi que disse que folia e alegria não podem rimar com soberania e com cidadania? Só depende de intenção, participação e colaboração. Vocação para a felicidade? São João del-Rei já tem...
Uma curiosidade: pelo desenho do estuque da platibanda da fachada das casas ao fundo, pode-se arriscar que o local da fotografia é a antiga Prainha (hoje região do Terminal Turístico) Esteve o Pelourinho ali instalado no começo do século XX?
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