São João del-Rei tem mistérios que ninguém ainda conseguiu decifrar. Enigmas que transcendem o pragmatismo cotidiano. Quer uma prova? Aí vai: tem gente que nasceu em outros lugares, muito além da Serra do Lenheiro, e no entanto é tão são-joanense quanto os mais puros são-joanenses "da gema". Esta gente, são são-joanenses de coração! Pessoas que se encantaram de corpo e alma pela riqueza cultural barroca de nossa cidade a ponto de quase anonimamente divulgarem, para todo o mundo, via web, muitas preciosidades artísticas que são exclusivas de São João del-Rei.
Duvida? Então te dou um exemplo: a primeira pessoa a publicar no Youtube um vídeo da música barroca tocada em São João del-Rei, mais precisamente pela grandiosa e respeitável Orquestra Ribeiro Bastos, não foi um são-joanense da gema. É um são-joanense de coração. Muito provavelmente é ele quem mais já publicou trechos musicais de nossa Festa de Passos, da Semana Santa e de várias outras tradicionais festas de nossa cidade. Mais de cem.
Quem é ele? Rafael Sales Arantes (na foto, com a família). Nasceu em 1980, em Aiuruoca, cidade sul-mineira que também cultiva a música colonial . Com 13 anos, começou a interessar-se muito por este gênero de música sacra. Tanto que, aos 17 anos, impulsionou um movimento regional pela preservação das partituras musicais de sua cidade, expostas a grave ameaça: uma ordem da maestrina local que, já idosa, determinara que tais documentos fossem com ela para o túmulo, ou, então, queimados logo depois de seu enterro. Boato, lenda ou verdade, não se sabe.
O que se sabe é que, como resultado deste esforço, as partituras continuam sendo executadas até hoje. Além disso, entre os vários contatos que manteve em sua empreitada, Rafael conheceu o músico Aluízio Viegas, maestro da Orquestra Lira Sanjoanense, a quem é muito grato. Por meio de Aluízio, pode conhecer e realizar importantes pesquisas no arquivo daquela que é considerada a mais antiga orquestra das Américas. Entretanto, ainda nesta época, não conheceu, em atividade, as orquestras que fazem São João del-Rei, em determinados momentos, voltar 300 anos no tempo.
Mas não demorou muito e, convidado para uma solene missa cantada dedicada a Dom Lucas Moreira Neves, conheceu, em ação, a Orquestra Ribeiro Bastos. Aí então consagrou-se e consumou o encantamento com São João del-Rei e sua musicalidade barroca, iniciado com Aluízio Viegas e com os arquivos da Lira Sanjoanense.
Fruto desta aproximação, a Orquestra Ribeiro Bastos apresentou-se duas vezes em Aiuruoca, e numa delas recebeu de Rafael uma partitura da obra Sete Palavras do compositor José Alexandrino de Souza. Para sua surpresa, no ano seguinte a peça já havia sido incorporada ao repertório musical da Sexta Feira da Paixão em São João del-Rei.
Contudo, somente em 2007 Rafael conheceu a Semana Santa são-joanense e, sob efeito do encantamento, começou a gravar vídeos das apresentações da Orquestra Ribeiro Bastos para ouvir sempre que quisesse e disponibilizá-los no Youtube. Ofício de Trevas, Miserere, Canto da Verônica, Popule Meus, novenas, missas cantadas, Te Deum, tudo. Assim, em menos de sete anos, suas gravações já ultrapassam uma centena...
Mergulhado no universo musical barroco de São João del-Rei, em 2008 Rafael compôs um Te Deum alternado, lançado mundialmente no Rio de Janeiro, pelo maestro Israel Menezes. A partir de então, volta e meia o Te Deum é executado nas festas religiosas são-joanenses. Desta forma, por meio da música, Rafael está sempre presente nos coros de nossas igrejas, do mesmo modo que espalha a música das orquestras de São João del-Rei para todas as partes do mundo. Quem agradece a quem? Ora, os dois - no encabulado silêncio dos bons mineiros - se agradecem sinceramente!
Se é possível uma pessoa ter dois corações, este é o caso de Rafael. Em seu peito, entre pulmões e costelas, de um lado um coração bate por Aiuruoca. De outro, um coração bate por São João del-Rei. A Medicina nega este fenômeno, mas a realidade do sentimento encantado não tem dúvidas...
Veja, abaixo, o Tributo ao Padre José Maria Xavier, gravado por Rafael Sales Arantes no Domingo da Ressurreição de 2009:
Duvida? Então te dou um exemplo: a primeira pessoa a publicar no Youtube um vídeo da música barroca tocada em São João del-Rei, mais precisamente pela grandiosa e respeitável Orquestra Ribeiro Bastos, não foi um são-joanense da gema. É um são-joanense de coração. Muito provavelmente é ele quem mais já publicou trechos musicais de nossa Festa de Passos, da Semana Santa e de várias outras tradicionais festas de nossa cidade. Mais de cem.
Quem é ele? Rafael Sales Arantes (na foto, com a família). Nasceu em 1980, em Aiuruoca, cidade sul-mineira que também cultiva a música colonial . Com 13 anos, começou a interessar-se muito por este gênero de música sacra. Tanto que, aos 17 anos, impulsionou um movimento regional pela preservação das partituras musicais de sua cidade, expostas a grave ameaça: uma ordem da maestrina local que, já idosa, determinara que tais documentos fossem com ela para o túmulo, ou, então, queimados logo depois de seu enterro. Boato, lenda ou verdade, não se sabe.
O que se sabe é que, como resultado deste esforço, as partituras continuam sendo executadas até hoje. Além disso, entre os vários contatos que manteve em sua empreitada, Rafael conheceu o músico Aluízio Viegas, maestro da Orquestra Lira Sanjoanense, a quem é muito grato. Por meio de Aluízio, pode conhecer e realizar importantes pesquisas no arquivo daquela que é considerada a mais antiga orquestra das Américas. Entretanto, ainda nesta época, não conheceu, em atividade, as orquestras que fazem São João del-Rei, em determinados momentos, voltar 300 anos no tempo.
Mas não demorou muito e, convidado para uma solene missa cantada dedicada a Dom Lucas Moreira Neves, conheceu, em ação, a Orquestra Ribeiro Bastos. Aí então consagrou-se e consumou o encantamento com São João del-Rei e sua musicalidade barroca, iniciado com Aluízio Viegas e com os arquivos da Lira Sanjoanense.
Fruto desta aproximação, a Orquestra Ribeiro Bastos apresentou-se duas vezes em Aiuruoca, e numa delas recebeu de Rafael uma partitura da obra Sete Palavras do compositor José Alexandrino de Souza. Para sua surpresa, no ano seguinte a peça já havia sido incorporada ao repertório musical da Sexta Feira da Paixão em São João del-Rei.
Contudo, somente em 2007 Rafael conheceu a Semana Santa são-joanense e, sob efeito do encantamento, começou a gravar vídeos das apresentações da Orquestra Ribeiro Bastos para ouvir sempre que quisesse e disponibilizá-los no Youtube. Ofício de Trevas, Miserere, Canto da Verônica, Popule Meus, novenas, missas cantadas, Te Deum, tudo. Assim, em menos de sete anos, suas gravações já ultrapassam uma centena...
Mergulhado no universo musical barroco de São João del-Rei, em 2008 Rafael compôs um Te Deum alternado, lançado mundialmente no Rio de Janeiro, pelo maestro Israel Menezes. A partir de então, volta e meia o Te Deum é executado nas festas religiosas são-joanenses. Desta forma, por meio da música, Rafael está sempre presente nos coros de nossas igrejas, do mesmo modo que espalha a música das orquestras de São João del-Rei para todas as partes do mundo. Quem agradece a quem? Ora, os dois - no encabulado silêncio dos bons mineiros - se agradecem sinceramente!
Se é possível uma pessoa ter dois corações, este é o caso de Rafael. Em seu peito, entre pulmões e costelas, de um lado um coração bate por Aiuruoca. De outro, um coração bate por São João del-Rei. A Medicina nega este fenômeno, mas a realidade do sentimento encantado não tem dúvidas...
Veja, abaixo, o Tributo ao Padre José Maria Xavier, gravado por Rafael Sales Arantes no Domingo da Ressurreição de 2009:
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