Passado o verão - e já quase findando o terceiro mês do ano -, é impossível não ver, dia após dia, que novos ventos estão soprando esperança sobre São João del-Rei. Que a autoestima cidadã está batendo mais forte no coração são-joanense, assim como rebrilha no olhar de nosso povo um lastro de orgulho e confiança, do que fomos, do que somos, e do que podemos ser. São João del-Rei, com grafia peculiar, escrita com iniciais maíusculas. Alegria viva foi a cor do nosso Carnaval neste 2025. Tranquilo, ordeiro, feliz, quase tão brejeiro e ingênuo como o dos tempos de antigamente. Um Carnaval de paz, em que entre um samba e uma marchinha, se ouvia a civilidade de expressões gentis, como "dá licença", "por favor", "obrigado". Até "Deus ajude", aqui e ali, se ouviu. Acesa como as velas das tochas, lanternas e altares, a Quaresma este ano chegou para os são-joanenses com sagrado entusiasmo, no sentido religioso da palavra entusiasmo, que em grego significa...
Pode até parecer exagero dizer isto, mas, na verdade, São João del-Rei é uma das cidades de mais intensa religiosidade do país. Guardadas as devidas proporções, não é equivoco dizer que nossa terra - cada qual com suas especificidades históricas, religiosas e culturais - se iguala a Salvador, Roma Negra, onde majoritariamente se respira e se transpira religiões de matriz africana. Pela questão identitária que molda nossa maneira de ser, os são-joanenses são modestos e discretos, quase acanhados, na demonstração de sua fé popular. Fora a opulência dos templos barrocos e a sofisticação das tradições e ritos tricentenários, que fazem nossos conterrâneos encher o peito de orgulho, a conversa que eles têm com os "santos de casa" é coisa íntima e, mesmo quando acontece em espaços públicos, é recatada, cifrada, em voz baixa, gestos rápidos e comedidos, quase silenciosa. Lembram daquela recomendação de Jesus Cristo quanto ao anonimato das orações e dos jejuns? Pois é... Nos situand...