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Mostrando postagens de novembro, 2012

São João del-Rei precisa valorizar mais sua história, de páginas escritas com o sangue de seus filhos

Novembro está chegando ao fim e, com ele, o mês do 266º aniversário do batismo de Joaquim José da Silva Xavier, o herói Tiradentes, na então Vila de São João del-Rei. Este ano, completou-se 220 anos de sua execução. O batismo de Tiradentes, em nossa cidade, não só por razões históricas, mas também por significado e emblemática, merece ser sempre vigorosamente lembrado, difundido e divulgado em nossa cidade, com uma programação que evidencie o justo e exato grau de sua importância para a história local, do estado de Minas Gerais e do país. Mais uma vez não o foi, apesar do empenho pessoal de alguns valorosos são-joanenses e dos esforços empreendidos por algumas instituiçõe locais. Na Terra da Música, o batismo do herói "inflamado de esperança" não motivou a celebração de uma missa cantada, um concerto ou recital, sequer serenata ou roda de samba, apesar de a cidade orgulhar-se desta sua alcunha, conferida pela tradição musical de quase trezentos anos. Não foi enredo de nen

Visões mágicas de São João del-Rei

Por mais que se procure São João del-Rei, nossa terra está sempre muito além e até onde menos imaginamos. Misteriosa, mais do que uma cidade ou um território, é um sentimento, uma emoção, um desejo. Quem sabe um delírio? Tão misteriosa e onírica é São João del-Rei que parece ter sido feito para ela o poema abaixo, A palavra Minas , escrito por Carlos Drummond de Andrade: Minas não é palavra montanhosa. É palavra abissal. Minas é dentro e fundo. As montanhas escondem o que é Minas. No alto mais celeste, subterrânea, é galeria vertical varando o ferro para chegar ninguém sabe onde. Ninguém sabe Minas. A pedra o buriti a carranca o nevoeiro o raio selam a verdade primeira, sepultada em eras geológicas de sonho. Só mineiros sabem. E não dizem nem a si mesmos o irrevelável segredo chamado Minas. Ilustração: “Paisagem de São João del Rey”, 1838 . Desenho de Vanderburch. Gravador:  H. Lalaisse. Gravura em metal, 1838. 09cm x 14cm - copiada do site http://www.opapeldaarte.com

Precioso álbum de família: São João del-Rei & suas quatro filhas

Assim como a santa Nhá Chica, que nasceu no distrito são-joanense de Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno, as cidades de Baependi, Campanha e Três Pontas também são filhas de São João del-Rei. Isto é o que mostra uma representação setecentista do Termo da Vila de São João del-Rei , cabeça da antiga Comarca do Rio das Mortes. Desde a criação daquela Comarca, e por muitas décadas, as três cidades ficavam em território geopoliticamente pertencente à quarta vila instituída na Capitania de Minas Gerais. Quase trezentos anos depois, novamente as quatro cidades se juntam, como contas e mistérios de um terço, no roteiro turístico-religioso dos santos Nhá Chica e Padre Vitor. Quem pesquisar vai saber que existem muitas afinidades entre os dois santos: ambos eram negros, viveram na mesma época e na mesma região e dedicaram todos os anos de suas existências à fé, à caridade e ao amor a Deus e aos semelhantes. Tal qual o maná caiu do céu, nasceu em São João del-Rei, em Baependi, em C

Também em São João del-Rei hão de brilhar como ouro a consciência negra e o desejo de igualdade

São João del-Rei, como em todo o Brasil, no dia 20 de novembro comemora-se o Dia da Consciência Negra, homenageando o herói Zumbi dos Palmares. Oxalá nos ajude que esta data comemorativa se fortaleça a ponto de se transformar no Dia Nacional de Luta Contra a Desigualdade e a Discriminação Racial, estendendo-se as homenagens, hoje dedicadas ao herói pioneiro, para todos os brasileiros que, efetivamente, dedicaram sua vida - e até a sua morte - para as causas da igualdade e da verdadeira democracia racial, servindo de exemplo para as gerações que desde então os sucedem. Como em todo o país, a população negra de São João del-Rei é quantitativamente muito expressiva. Mas qualitativamente, ela tem ainda maior valor. Desde os tempos coloniais, os escravos vindos da África e seus descendentes muito contribuíram e contribuem concretamente para o desenvolvimento desta nossa cidade, nos mais importantes e preciosos setores: da mineração à arquitetura barroca; dos serviços domésticos e braça

São João del-Rei está em toda parte. Até onde ninguém imagina...

São João del-Rei ainda não tem, mesmo que preliminar, um catálogo das obras fotográficas ou pictóricas que retratam sua paisagem e suas manifestações culturais. Carlos Bracher, Pancetti, Alfredo Norfini, Oscar Araripe, Tom Maia, Pedro Oswaldo Cruz, Gil Prates e muitos outros pintores e fotógrafos acharam sublime inspiração em nossas igrejas, pontes e casarios e tudo perenizaram em fotografias e pinturas que muitos de nós desconhemos ou ignoramos. Quem advinha qual é a paisagem que serve de fundo para esta fotografia do grande compositor popular Herivelto Martins? Isso mesmo: nada mais, nada menos do que a igreja do Rosário, tendo, à esquerda, um pouco do casario de seu largo, e, à direita, a entrada da Rua Santo Antônio. A  fotografia foi publicada pelo jornal Correio Braziliense , na edição do sábado, 17 de novembro, no caderno Diversão & Arte , como ilustração da matéria Um rei de volta ao trono, sobre a obra e o centenário de nascimento de Herivelto Martins. Se Herivel

São João del-Rei homenageia, com uma semana musical, Santa Cecília, padroeira dos músicos

 Sem dúvida, mais do que um presente, a música é uma das maiores virtudes que Deus deu a São João del-Rei. Do erudito das músicas barrocas ao popular dos sambas e das congadas, na ' Terra dos Sinos ' ela está presente em todas as horas: na alegria e na tristeza,na saúde e na doença (e até na morte!)  nas procissões e no Carnaval, nos ambientes sagrados e nos bares, nos teatros,  nas praças públicas e até mesmo no meio da rua... Enfim, em São João del-Rei, a música é onipresente: está o tempo todo, em toda parte, ao mesmo tempo. Reconhecendo este mérito, a cidade realiza anualmente, no período de 14 a 22 de novembro, a Semana da Música, sempre em homenagem a Santa Cecília  - padroeira dos músicos. É uma semana atípica, pois começa em uma quarta-feira (14) e tem 9 dias, se encerrando numa sexta-feira (22), dia consagrado à santa, cuja imagem (foto) desfruta o privilégio de ficar no nicho de um altar dourado, na Matriz do Pilar. Como não poderia deixar de ser, é uma se

Nascido na Fazenda do Pombal, herói Tiradentes foi batizado em São João del-Rei. Há 266 anos atrás...

" Aos doze dias do mes de novembro de mil setecentos e quarenta e seis anos, na capela de São Sebastião do Rio Abaixo, filial desta paróquia de São João del-Rei - o reverendo Padre João Gonçalves Chaves, capelão da dita capela, batizou e pôs os santos óleos a Joaquim, filho legítimo de Domingos da Silva e Antônia da Encarnação Xavier. Foi padrinho Sebastião Ferreira Leitão e não teve madrinha, do que fiz este assento. O coadjutor Jerônimo da Fonseca Alves " Esta é a transcição literal do Atestado de Batismo de Joaquim José da Silva Xavier, o herói Tiradentes, lavrado na folha 51 do Livro de Batizados de São João del-Rei, no ano de 1746. À época, este documento era considerado o registro civil. Lembrando o nascimento do herói, em dia anterior próximo a 12/11/1746, ouça alguns versos do clássico Romanceiro da Inconfidência , de Cecília Meireles, na voz de Chico Buarque. A grande poetisa pesquisou durante dez anos a Inconfidência Mineira para escrever este livro e

Das umbigadas, cateretês e batuques ao Samba nas Praças de São João del-Rei

A música chegou em São João del-Rei em 1717 - antes do Conde de Assumar - e desde então fixou residência na cidade. Hoje, quem tem olhos abertos e ouvidos apurados, sabe: ainda não reconhecida nem valorizada em toda sua amplitude, a sonoridade é a grande característica de São João del-Rei. Nesta sonoridade incluem-se, além da produção musical erudita e popular, o toque dos sinos, o apito da Maria Fumaça, o som da banda militar em sua marcha matinal, os concertos e apresentações ao ar livre, o apito - quase afogado e desaparecido - das fábricas de tecido. Ninguém duvida que a música barroca é um dos mais ricos patrimônios culturais de São João del-Rei. É ela que preenche todos os espaços das festas religiosas, dando ambiência a novenas, missas, procissões, via-sacras, encomendação de almas e um sem-fim de solenidades só existentes naquela cidade. Entretanto, a música popular também faz parte da cultura são-joanense. E não é de hoje! Estudos acadêmicos baseados em pesquisas na imp

São João del-Rei se subverte: como se dança, se toca!

Uma das expressões populares muito conhecidas em São João del-Rei, principalmente pelos são-joanenses mais antigos, é a frase " como se toca, se dança " - versão local da clássica " dançar conforme a música ". Mas as vezes a cultura local se subverte e muda a ordem das coisas, ora " botando a carroça na frente dos burros ", ora " botando o carro na frente dos bois ". Quer saber o que isto tem a ver com o ritmo lento das marchas que as bandas de música tocam acompanhando as tradicionais procissões de São João del-Rei? Então ouça o que nos ensina o maestro são-joanense Marcelo Ramos, nesta breve entrevista ao jornalista José Mário de Araújo e transmitida nas rádios São João del-Rei e Itatiaia.

No retrovisor, São João del-Rei

Colhido no blog Tertúlia Pão de Queijo http://www.tertuliapaodequeijo.com/2012/07/no-retrovisor-sao-joao-del-rei.html , o poema abaixo, de Ronald Clever, é delicado retrato de São João del-Rei, em palavras, imagens, emoções e sentimentos... Os sinos de São João del-Rei não badalam em vão. São irmãos nos acordes e, em romaria, acordam os possíveis pecados e pesadelos que ficaram nos vãos da Rua da Cachaça. Um passarim marrom é fina flauta nas palmeiras de São Francisco de Assis. O Lenheiro escorre a memória da cidade em seu tênue e fino fio de água. O rei e o santo atravessam, em procissão, a ponte da Cadeia. Bárbara, ainda bela, repousa eterna na alcova inconfidente. "Beija-me com os beijos de sua boca". Éo mascate Salomão cantando para a Baronesa, que do alto da sacada, travestida em Sabá, retruca: "Beba-me com a sede de seus rios". O sino do Rosário fia seu terço, o das Dores chora em cantochão. E os sinos irmanado