Os anjos da portada da igreja do Carmo, em São João del-Rei, estão em festa, pois agora eles podem brincar de roda novamente. Desde outubro de 2018, a roda angelical não fechava em volta da Virgem com o Menino, pois um anjo teve o braço esquerdo derrubado e quebrado, pelo ato condenável de um desventurado estudante universitário, na madrugada do último sábado daquele mês.
Passaram-se quase 5 anos, mas agora o anjo está completo de novo, perfeito, do mesmo jeito que lhe fez o Criador. Março chegou iluminado e, logo no segundo dia, o anjo que tinha sido vítima do atentado que lhe causou uma amputação no ombro esquerdo, recebeu de novo o seu braço restaurado, inclusive com o divino escapulário, que pende daquela sua mão. E não foi por milagre. Foi por aguerrido empenho da Ordem Terceira do Carmo e atuação de alguns órgãos municipais relacionados ao patrimônio cultural da cidade.
Assim como o incidente - que representou um atentado grave a um bem que é tombado como patrimônio cultural brasileiro -, causou consternação e indignação no povo são-joanense, por enquanto ainda não se tem notícia de que nenhum ato celebrativo será realizado para comemorar a restauração da peça, que é atribuída ao grande mestre Aleijadinho.
Sem dúvida, seria não só um ato de desagravo ao sentimento popular decorrente da temporária mutilação e incentivo ao pertencimento, mas também uma ação de conscientização cultural, visando a preservação de nosso patrimônio histórico. Isto sem falar dos ganhos turísticos e de imagem, pela provável repercussão de tão importante restauração de uma obra de Aleijadinho na mídia nacional.
O braço já está no lugar. O anjo completo já está de novo à vista de todos, como foi concebido pelo grande artista no século 18. Mas ainda é oportuno, ainda é tempo de celebrar o resultado positivo de um esforço zeloso e vitorioso, que envolveu várias instituições de naturezas diversas. O largo em frente à igreja é tão próprio para uma apresentação musical, por exemplo, no caso, melhor até do que o interior da igreja, que também pode ser uma opção.
Sabemos que os são-joanenses gostam de verdade deste tipo de programação, que é constitutiva de sua identidade cultural. E que ações de difusão realizadas por meio de eventos artísticos são uma forma excelente para resgatar a credibilidade sobre a atuação, ação, compromisso, seriedade, pertinência, eficácia e reputação de instituições que têm a propriedade, a guarda, ou a responsabilidade de zelar e promover o patrimônio cultural que, sendo de nossa terra, é de todos.
Que bom que o anjo foi restaurado. Que São João del-Rei conseguiu esta vitória que, de tão grande importância e significado, merece ser amplamente divulgada e festejada por todos!
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Foto e texto: Antonio Emilio da Costa
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