Pular para o conteúdo principal

Covid 19 trouxe novos chafarizes para São João del-Rei


Na paisagem urbana do centro histórico de São João del-Rei, dois monumentais chafarizes se destacam: o da Legalidade, em cantaria, há muitas décadas transferido para um agradável largo, em frente ao antigo Grupo Escolar Maria Teresa, e o chafariz da Municipalidade, de ferro fundido, importado da Europa e instalado no jardim do Largo do Carmo, integrando o magnífico conjunto formado pela igreja e pelo cemitério daquela Ordem Terceira.

A cidade ainda possui, também, o chafariz da Deusa Ceres, certamente da mesma idade e origem do chafariz da Municipalidade. Entretanto, conta a história que este monumento, tal qual uma pessoa errante, vagou por diversos pontos da cidade e, há algumas décadas, está anacrônico e atordoado na Praça de Matosinhos, em frente à igreja do Bom Jesus, onde em sonho acena para os turistas que nos fins de semana e feriados passeiam na Maria Fumaça.

Sabe-se que outrora existiu um chafariz de cantaria no Largo de São Francisco, conforme fotografia possivelmente tirada no início do século 20, assim como sabe-se também que muita gente entraria sem medo na máquina do tempo apenas para ver, materializado, este monumento que é uma miragem no imaginário são-joanense.

Mas no último mês, dois novos chafarizes foram instalados na paisagem histórica de nossa cidade. Não são obras de arte nem marcos comemorativos; não se destinam a enfeitar as praças nem celebrar grandes feitos. Pelo contrário. São instalações muito simples e absolutamente funcionais, extremamente necessárias na realidade ameaçadora e preocupante desses nossos dias.

Bem que poderiam se justificar como instalações urbanas de vanguarda, arte conceitual temporária ou coisas assim, pois de fato o são. Mas na verdade, são muito mais do que tudo isto. São iniciativas de responsabilidade sócio-humanista-cidadã, implementadas voluntariamente por dois irmãos empresários atuantes no segmento turístico, preocupados com a saúde dos transeuntes menos-favorecidos do centro histórico de nossa cidade. Mais especificamente, com o combate ao novo coronavirus e prevenção da Covid 19 em São João del-Rei.

Apesar da semelhança funcional e da finalidade utilitária, sequer têm a elevada pretensão ou almejam ser monumentais chafarizes. Pelo contrário. Se propõem e se satisfazem apenas em ser conjuntos plásticos de pia, torneira, pequena caixa d'água e canos pvc, equipados com detergente líquido, montados e instalados no estacionamento do Largo Tamandaré, em frente ao Museu Regional, e no jardim da Avenida Presidente Tancredo Neves, entre a Estação Ferroviária e o Hotel Brasil, prestando efetivamente um relevante serviço de utilidade pública!
.....................................................
Texto e foto: Antonio Emilio da Costa




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Debaixo de São João del-Rei, existe uma São João del-Rei subterrânea que ninguém conhece.

Debaixo de São João del-Rei existe uma outra São João del-Rei. Subterrânea, de pedra, cheia de ruas, travessas e becos, abertos por escravos no subsolo são-joanense no século XVIII, ao mesmo tempo em que construíam as igrejas de ouro e as pontes de pedra. A esta cidade ainda ora oculta se chega por 20 betas de grande profundidade, cavadas na rocha terra adentro há certos 300 anos.  Elas se comunicam por meio de longas, estreitas e escuras galerias - veias  e umbigo do ventre mineral de onde se extraíu, durante dois séculos, o metal dourado que valia mais do que o sol. Não se tem notícia de outra cidade de Minas que tenha igual patrimônio debaixo de seu visível patrimônio. Por isto, quando estas betas tiverem sido limpas e tratadas como um bem histórico, darão a São João del-Rei um atrativo turístico que será único, no Brasil e no mundo. Atualmente, uma beta, nas imediações do centro histórico, já pode ser visitada e percorrida. Faltam outras 19, já mapeadas, dependendo da sensi

Em São João del-Rei não se duvida: há 250 anos, Tiradentes bem andou pela Rua da Cachaça...

As ruas do centro histórico de São João del-Rei são tão antigas que muitas delas são citadas em documentos datados das primeiras décadas do século XVIII. Salvo poucas exceções, mantiveram seu traçado original, o que permite compreender como era o centro urbano são-joanense logo que o Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar do Rio das Mortes tornou-se Vila de São João del-Rei. O Largo do Rosário, por exemplo, atual Praça Embaixador Gastão da Cunha, surgiu antes mesmo de 1719, pois naquele ano foi benta a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, nele situada e que originalmente lhe deu nome. Também neste ano já existia o Largo da Câmara, hoje, Praça Francisco Neves, conforme registro da compra de imóveis naquele local, para abrigar a sede da Câmara de São João del-Rei. A Rua Resende Costa, que liga o Largo do Carmo ao Largo da Cruz, antigamente chamava-se Rua São Miguel e, em 1727, tinha lojas legalizadas, funcionando com autorização fornecida pelo Senado da Câmara daquela Vila colonial.  Por

Padre José Maria Xavier, nascido em São João del-Rei, tinha na testa a estrela da música barroca oitocentista

 Certamente, há quase duzentos anos , ninguém ouviu quando um coro de anjos cantou sobre São João del-Rei. Anunciava que, no dia 23 de agosto de 1819, numa esquina da Rua Santo Antônio, nasceria uma criança mulata, trazendo nas linhas das mãos um destino brilhante: ser um dos grandes - senão o maior - músico colonial mineiro do século XIX . Pouco mais de um mês de nascido, no dia 27 de setembro, (consagrado a São Cosme e São Damião) em cerimônia na Matriz do Pilar, o infante foi batizado com o nome  José Maria Xavier . Ainda na infância, o menino mostrou gosto e vocação para música. Primeiro nos estudos de solfejo, com seu tio, Francisco de Paula Miranda, e, em seguida dominando o violino e o clarinete. Da infância para a adolescência, da música para o estudo das linguas, José Maria aprendeu Latim e Francês, complementando os estudos com História, Geografia e Filosofia. Tão consistente era seu conhecimento que necessitou de apenas um ano para cursar Teologia em Mariana . Assim, j