Depois do Domingo de Páscoa, conte sete outros domingos. Então chegamos ao Domingo de Pentecostes, que em 2018 cai no dia 20 de maio. Em São João del-Rei é um dia de grandes festas, no bairro de Matosinhos, onde desde o século XVIII acontece o Jubileu do Espírito Santo, e no centro histórico, mais precisamente na Capela do Divino, que fica na Rua das Flores, logo depois do Largo da Muxinga.
Mas na verdade, nos dois locais, a festa já começou há mais de uma semana, com uma novena. Na igreja de Bom Jesus de Matosinhos, a festa tem forte espírito popular, marcada principalmente pelas cores, pelos ritmos e pela dança das folias e congadas. Na Rua das Flores, as celebrações são influenciadas pelas tradições barrocas, com demorados tencões tocados pelos sinos da capela, diariamente ao meio dia, às três e as seis da tarde e no encerramento de cada dia da novena, lembrando que amanhã tem mais.
Na tarde do sábado, há um momento em que as duas formas de expressão se dão as mãos: às 17 horas sai um cortejo, conduzindo em liteira Santo Antonio, que é o imperador perpétuo do Jubileu do Divino, e todo seu séquito real, inclusive alguns cavaleiros e charretes com os estandartes vermelhos e dourados, tendo ao centro a Terceira Pessoa da Trindade, representada por uma pomba brança.
O cortejo sai da igreja de São Francisco, vem pela Rua da Prata, atravessa a Ponte do Rosário, para em frente à capela na Rua das Flores, atravessa outros largos, ruas e vielas do centro histório e segue um caminho próprio até a igreja de Matosinhos.
Domingo, é festa de ponta a ponta da cidade.
Em Matosinhos, dura o dia inteiro, principalmente avivada pelas fitas coloridas, chapéus floridos, bastões, colares, espelhinhos, terços e pelo sons das caixas e de toda a percussão das congadas e folias. Tudo muito parecido como era há quase 300 anos.
O século XVIII também é revivido nos arredores da Matriz do Pilar e, na Rua das Flores, a luz do Espírito Santo fica ainda mais forte quando o sol se põe. Os sinos tocam intensamente o dia inteiro, às 18 horas tem uma missa solene e logo depois uma procissão tradicionalmente bela, serpenteando pelo centro histórico, até se escorrer nas estrelas coloridas de uma bela queima de fogos.
Termina o Domingo de Pentecostes e o desejo de todos é que a luz do Espírito Santo desperte consciências, ilumine as mentes, semeie discernimento e oriente os atos. E que seu calor aqueça os corações e faça germinar bondade até mesmo - e principalmente - nos territórios mais áridos, nos solos mais pedregosos, nos campos mais espinhosos da alma humana...
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