Em tempos passados, sempre que um raio violento estrondosamente cortava ao meio o céu de São João del-Rei, logo se ouvia aflito chamado: Santa Bárbara! São Jerônimo! Era assim que se pedia socorro quando vinha o temor das tempestades.
E logo se cobria espelhos, para que não refletissem os raios, se desligava tomadas, ninguém abria janela, pegava tesoura ou tocava em torneira. Pelo contrário, se acendia uma vela, benta no dia de Nossa Senhora das Candeias, 2 de fevereiro, e se queimava a palma levada à igreja para bênção na manhã do Domingo de Ramos. Tudo sob a invocação de Santa Bárbara.
A santa, que tem aos pés uma torre, na cintura uma espada, nas mãos um cálice e uma palma verde, na cabeça uma coroa, exerce domínio inquebrantável quando o céu se desmancha em chuva forte. Acalma raios, amansa ventos, tranquiliza o firmamento. Afasta o temor e traz paz ao coração.
Nos tempos modernos, para-raios sobre torres e telhados são a contemporânea espada de Santa Bárbara. Antenados, colhem no ar faíscas elétricas e as guardam no cálice dourado, raso e sagrado que a santa tem nas mãos.
Tanto tempo depois do tempo, em São João del-Rei Santa Bárbara vigia tudo, em nicho dourado do primeiro altar à esquerda de quem entra na Matriz do Pilar, dedicado a Nossa Senhora da Conceição. Protetora principalmente dos trabalhadores que em perigo lidam com o fogo em chamas, certamente nesta quarta-feira, 4 de dezembro, Santa Bárbara ganhará muitas visitas e buquês de flores vermelhas na terra onde os sinos falam. Na Matriz do Pilar e nas casas de umbanda e candomblé.
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