As cidades históricas são templos do tempo, são arcas da memória, são vertentes dos sonhos. Lugares sagrados, são testemunhas vivas de feitos e fatos, são o território da história, ou melhor são territórios onde a história habita.
Quem vive em uma cidade histórica precisa ter consciência do privilégio que é viver em terras que por si só são espaços de memória, lembranças e recordações, constituídos por suas ruas e avenidas, seus becos, seus largos e suas praças. Neles, igrejas, casarões e monumentos estão o tempo todo a silenciosamente contar o que viram ao longo de tantos séculos.
Quem administra uma cidade histórica precisa ter compromissos verdadeiros com a cultura e com a memória local, pois a saúde destes patrimônios depende muito de atitudes e decisões que só do poder público podem emanar. Principalmente os homens públicos têm na história a vitrine e o porta-retrato de sua competência, de seu comprometimento, de seus valores, da sua trajetória, do seu fazer.
Quem visita uma cidade historica precisa ter consciência de que está transitando em um santuário do tempo e da delicadeza, onde o ontem, ainda vivo, clama por respeito e aspira chegar à eternidade. Onde o ontem, ainda vivo e materializado, depende da sabedoria, da sensibilidade e das atitudes do homem de hoje para manter acesa sua memória, sempre pronta para resgatar personagens e revelar fatos do passado.
O trânsito urbano é hoje um problema que incomoda e preocupa cidadãos de vários países e a questão dos estacionamentos, então, é tão grave que chega a ser considerada alarmante. Mas esta é uma situação que não pode ser realidade nas cidades históricas, sob pena de danificar seus monumentos e quebrar toda a auréola de encanto que o tempo lhes coroou.
Mesmo nos tempos modernos, as cidades históricas continuam tendo vielas do paraíso, nas quais o bom senso pede não se transitar de carro, com pressa, mecanicamente. Estas vias foram feitas para se atravessar a pé, com a alma e o coração de mãos dadas com a bondade e com a lembrança de que os sonhos devem ser todos de felicidade.
As cidades históricas são lugares raros, não são lugares comuns. E precisam de amor, compromisso, responsabilidade, competência, racionalidade, zelo e soluções eficazes para continuarem sendo lugares raros. Inclusive, e principalmente, quando a ameaça é o trânsito...
Essa consciência falta em muitos administradores públicos e motoristas.
ResponderExcluirConcordo integralmente com você, Eduardo, e até acrescento mais. Falta também na comunidade são-joanense como um todo e nos turistas.
ResponderExcluirEntretanto, acho que cabe a nós não só disseminar esta consciência, inclusive com ações educacionais, mas cobrar do poder público o cumprimento de seu papel na preservação e salvaguarda de nosso patrimônio histórico. Grande abraço!
Sensacional, providencial. Compartilhei e compartilharei para nós Daqui de Pitangui.
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