Pular para o conteúdo principal

Em São João del-Rei, ainda há muitos tesouros a descobrir!

Não é de hoje que a beleza de São João del-Rei seduz e encanta pintores, que se esmeram na busca de cores e no domínio dos pincéis, gravuras e aquarelas, para tentar retratá-la, segundo cada olhar. De Rugendas e R. Whalsh a Pancetti, Guignard, e Carlos Bracher, passando por vários outros artistas plásticos, inclusive são-joanenses, Carlos Magno, Paulinho, Fábio Braga, Mauro Marques, Wangui, entre outros, a verdade é que não se tem notícia da existência de um catálogo com registro de artistas plásticos que pintaram paisagens de nossa terra.

Taí uma sugestão: nestes tempos de hiperconectividade, po rque não começar a elaborar um catálogo virtual, de participação coletiva e voluntária, aberto para inclusões, correções e atualizações? Para ser uma "obra" séria, o ideal é que esta ação estivesse sob a responsabilidade de um pesquisador, de um profissional especializado, de uma pessoa verdadeiramente interessada na pesquisa ou de alguma instituição, de modo a garantir a qualificação, a pertinência e a veracidade das informações relativas às imagens. Nome da obra, nome do artista, técnica usada, possível data, se é propriedade pública, institucional ou particular/pessoal e onde se encontra. Em princípio, nada mais do que isso. Caso sequer este conjunto de informações fosse possível, ou mesmo nenhuma delas, a inclusão da imagem já seria um registro importante - o primeiro passo para, em algum momento, alguém garimpar e encontrar estes outros dados.

Não apenas as obras de grandes nomes, de mestres consagrados, mas também de artistas populares com sua produção desconhecida, singela, ingênua, mas igualmente importante e bela. Como por exemplo o quadro acima - óleo sobre eucatex aproveitado, comprado há mais de 10 anos em uma exposição na Casa Paroquial do Pilar, durante uma Semana Santa. Até hoje está sem moldura e tem somente esta assinatura: Lucas.

Certamente foi pintado como uma introdução à arte de pintar ou apenas como exercício, por alguém que estava se aproximando das cores e das tintas. Entretanto, é uma obra bela, de valor estético e humano, criada e materializada com o romantismo puro de uma pessoa  que à época talvez fosse muito jovem, capaz de imaginar o mundo com as luzes e as névoas do Paraíso. Sem dúvida, seria muito importante identificar e localizar este autor/pintor, para resgatar a história deste quadro e até saber se ele deu continuidade à carreira de artista plástico.

Os são-joanenses amam demais São João del-Rei e é certo que muitos deles têm paisagens e monumentos de nossa terra retratados em quadros e outros suportes artísticos - pinturas, gravuras, porcelanas, desenhos, aquarelas, azulejos - decorando suas casas. A informação encaminhada por estas nobres pessoas, juntamente com o envio de uma foto, seria o primeiro passo e o combustível necessário para a produção deste catálogo, que pode mesmo até tornar -se um guia.

E todos ganharão com isso: os são-joanenses, a cidade, a arte e a cultura!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Debaixo de São João del-Rei, existe uma São João del-Rei subterrânea que ninguém conhece.

Debaixo de São João del-Rei existe uma outra São João del-Rei. Subterrânea, de pedra, cheia de ruas, travessas e becos, abertos por escravos no subsolo são-joanense no século XVIII, ao mesmo tempo em que construíam as igrejas de ouro e as pontes de pedra. A esta cidade ainda ora oculta se chega por 20 betas de grande profundidade, cavadas na rocha terra adentro há certos 300 anos.  Elas se comunicam por meio de longas, estreitas e escuras galerias - veias  e umbigo do ventre mineral de onde se extraíu, durante dois séculos, o metal dourado que valia mais do que o sol. Não se tem notícia de outra cidade de Minas que tenha igual patrimônio debaixo de seu visível patrimônio. Por isto, quando estas betas tiverem sido limpas e tratadas como um bem histórico, darão a São João del-Rei um atrativo turístico que será único, no Brasil e no mundo. Atualmente, uma beta, nas imediações do centro histórico, já pode ser visitada e percorrida. Faltam outras 19, já mapeadas, dependendo da sensi

Em São João del-Rei não se duvida: há 250 anos, Tiradentes bem andou pela Rua da Cachaça...

As ruas do centro histórico de São João del-Rei são tão antigas que muitas delas são citadas em documentos datados das primeiras décadas do século XVIII. Salvo poucas exceções, mantiveram seu traçado original, o que permite compreender como era o centro urbano são-joanense logo que o Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar do Rio das Mortes tornou-se Vila de São João del-Rei. O Largo do Rosário, por exemplo, atual Praça Embaixador Gastão da Cunha, surgiu antes mesmo de 1719, pois naquele ano foi benta a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, nele situada e que originalmente lhe deu nome. Também neste ano já existia o Largo da Câmara, hoje, Praça Francisco Neves, conforme registro da compra de imóveis naquele local, para abrigar a sede da Câmara de São João del-Rei. A Rua Resende Costa, que liga o Largo do Carmo ao Largo da Cruz, antigamente chamava-se Rua São Miguel e, em 1727, tinha lojas legalizadas, funcionando com autorização fornecida pelo Senado da Câmara daquela Vila colonial.  Por

Padre José Maria Xavier, nascido em São João del-Rei, tinha na testa a estrela da música barroca oitocentista

 Certamente, há quase duzentos anos , ninguém ouviu quando um coro de anjos cantou sobre São João del-Rei. Anunciava que, no dia 23 de agosto de 1819, numa esquina da Rua Santo Antônio, nasceria uma criança mulata, trazendo nas linhas das mãos um destino brilhante: ser um dos grandes - senão o maior - músico colonial mineiro do século XIX . Pouco mais de um mês de nascido, no dia 27 de setembro, (consagrado a São Cosme e São Damião) em cerimônia na Matriz do Pilar, o infante foi batizado com o nome  José Maria Xavier . Ainda na infância, o menino mostrou gosto e vocação para música. Primeiro nos estudos de solfejo, com seu tio, Francisco de Paula Miranda, e, em seguida dominando o violino e o clarinete. Da infância para a adolescência, da música para o estudo das linguas, José Maria aprendeu Latim e Francês, complementando os estudos com História, Geografia e Filosofia. Tão consistente era seu conhecimento que necessitou de apenas um ano para cursar Teologia em Mariana . Assim, j