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Mostrando postagens de julho, 2024

Cultura dinâmica: Saeta de sinos em São João del-Rei

Além da devoção ardorosa a Nossa Senhora do Pilar, padroeira do mundo hispânico e generosa madrinha de nossa cidade, existem muito mais afinidades entre São João del-Rei e a Espanha do que a gente imagina. E vemos que está a surgir aqui mais uma expressão de eloquente religiosidade, que tudo indica vai se consolidar e daqui a não muito tempo até será entendida como mais uma semelhança entre as procissões dos 'dois mundos'. Sem dúvida, uma das maiores afinidades entre a cultura de São João del-Rei e a das antigas cidades espanholas é a grandiosidade das celebrações da Paixão de Cristo, que, tanto aqui quanto lá, são igualmente monumentais. Enquanto em nossa terra as celebrações envolvem cerimônias que acontecem dentro e fora das igrejas, com missas, ofícios, vias sacras, visitações, adorações, encenações que fazem parte de um teatro sagrado, em Madri, Segóvia, Toledo, Sevilha, Málaga e outras cidades, o destaque são as magníficas procissões, com enormes andores, num vasto e rico

São João del-Rei é assim. Ó pro cê vê!

  Nunca é demais repetir: São João del-Rei não uma cidade óbvia, que se mostra logo à primeira vista. Não. Lugar de encantos inconfidentes, a cidade vai desnudando sua beleza aos poucos, em silêncio, com mistério e sutileza. É assim que São João seduz, enamora e apaixona. Como pode? Às vezes, dobrando a esquina de um beco estreito, você distraidamente levanta os olhos atraído pelo celeste azul turqueza e, de repente, se depara com uma janela sonhadora, guarnecida por uma sacada de ferro retorcido em bordado e renda, de onde pendem franjas exuberantes de cipó São João. Folhas de esmeralda, flores de coral, fascínios de São João. Largo de São Francisco, Largo do Carmo, Largo das Mercês, Largo do Rosário, Rua Direita - territórios mágicos, coroados por igrejas soberanas. Meio a elas - o sol prateando as pedras, o perfume do incenso condensando aéreas nuvens branca -, anjos de todo tipo levitam, cantando hosanas uns aos outros. Sopram notas musicais, confidenciando entre si desejos e sonho

São João del-Rei. A cidade, o povo, a cultura e suas cruzes!

  Sem exagero algum, dificilmente existe, no mundo, uma cidade com tanta cruz monumental por metro quadrado quanto o centro histórico de São João del-Rei e seu entorno. E olha que não estamos considerando os bairros que não fazem parte da área tombada pelos órgãos locais ou federais de patrimônio. Cruzeiros da Paixão ou da Penitência, completos com todos os estigmas, grande crucifixo com imagem de Cristo em tamanho natural, cruzes simples fincadas em pedras ou calçadas, cruzes de pedra ou de ferro encimando pontes, grande cruz em relevos na parede lateral da igreja matriz, cruzes de cantaria sobre as igrejas, capelas-passos e portões dos cemitérios, estes símbolos sagrados somam, no mínimo 45. Uma densidade muito considerável para um perímetro que certamente não totaliza 10 quilômetros quadrados - da capela do Bonfim à do Senhor do Monte, do começo do Tejuco ao início da Rua Capitão Vilarim. De tantas que são, nem todas estas cruzes são percebidas pelos são-joanenses. De tão entranhada