O mundo é pequeno, o tempo é pouco, a existência é breve e a eternidade é insuficiente para a dinâmica cultural de São João del-Rei, sempre em enriquecedora evolução. Mesmo quando e do que não se imagina, tradições surgem silenciosas no limiar do sonho, no lusco-fusco da aurora, do orvalho sereno do fundo dos quintais, no silêncio madrugoso das almas, atravessa sentimentos e refulge na fé, ostentando-se em altares, oratórios e olhares. É isto o que, há dois anos, vem acontecendo nos dias 14 e 15 de setembro, para eternizar a lembrança do Dia de Santa Cruz e o Dia de Nossa Senhora das Dores, na Matriz do Pilar, e o Dia de Bom Jesus do Perdão, na igreja das Mercês.
Estas datas há séculos já fazem parte do calendário religioso da cidade, mas na Paróquia do Pilar eram celebradas com discrição contrita em pregação modesta, na missa noturna que acontecia nas duas igrejas. A grande celebração acontecia na Paróquia de Matosinhos, onde até hoje a comunidade, relembrando uma tradição do século XVIII, até hoje realiza uma majestosa procissão - evocação moderna do antigo Jubileu, que até começos do século XX era um dos mais importantes de Minas Gerais.
De 2015 para cá, a devoção dos Irmãos dos Passos à Paixão de Cristo e às Dores de Maria Santíssima retomaram uma atitude legítima e espontânea, sinal de humildade, doação e amor, na demonstração de fé e gratidão ao Salvador e sua Mãe: cultivam nas sombras fundas de seus quintais orquídeas róseas que se entremeiam entre o fim do inverno e a chegada da primavera e as colhem na manhã do dia 13 de setembro, levando-as para enfeitar o altar do Encontro de Jesus com Maria na Matriz do Pilar.
A cascata de delicadas orquídeas nasce nos braços da cruz, escorre e desce pelos lances do altar e finda esparramada na bancada onde, nas três primeiras sextas-feiras da Quaresma, repousa o Crucificado antes e depois da Via Sacra Ali, os fiéis lhe beijam as mãos, os pés e a face, lhe acariciam a face e as chagas dos cravos e da coroa de espinhos. depositando na salva de prata a seus pés moedas, pedidos e esperanças.
Outra tradição dos tempos coloniais, resgatada este ano pela Irmandade dos Passos, é a celebração de uma missa em frente ao Passinho da Piedade, no Largo do Rosário, em frente ao Museu de Arte Sacra. Era das grades das celas daquele prédio setecentista, onde no século XVIII funcionava a Cadeia Pública, que os presos, condenados à forca, assistiam sua última missa e pediam o perdão celeste para suas penas e culpas, antes de subirem, arrastados, para a morte infame no cadafalso armado no alto do Morro do Bonfim.
E assim atravessam as eras e a eternidade, vencem os tempos e os homens, a fé, a tradição e a cultura de São João del-Rei...
Texto e foto: Antonio Emilio da Costa
Estas datas há séculos já fazem parte do calendário religioso da cidade, mas na Paróquia do Pilar eram celebradas com discrição contrita em pregação modesta, na missa noturna que acontecia nas duas igrejas. A grande celebração acontecia na Paróquia de Matosinhos, onde até hoje a comunidade, relembrando uma tradição do século XVIII, até hoje realiza uma majestosa procissão - evocação moderna do antigo Jubileu, que até começos do século XX era um dos mais importantes de Minas Gerais.
De 2015 para cá, a devoção dos Irmãos dos Passos à Paixão de Cristo e às Dores de Maria Santíssima retomaram uma atitude legítima e espontânea, sinal de humildade, doação e amor, na demonstração de fé e gratidão ao Salvador e sua Mãe: cultivam nas sombras fundas de seus quintais orquídeas róseas que se entremeiam entre o fim do inverno e a chegada da primavera e as colhem na manhã do dia 13 de setembro, levando-as para enfeitar o altar do Encontro de Jesus com Maria na Matriz do Pilar.
A cascata de delicadas orquídeas nasce nos braços da cruz, escorre e desce pelos lances do altar e finda esparramada na bancada onde, nas três primeiras sextas-feiras da Quaresma, repousa o Crucificado antes e depois da Via Sacra Ali, os fiéis lhe beijam as mãos, os pés e a face, lhe acariciam a face e as chagas dos cravos e da coroa de espinhos. depositando na salva de prata a seus pés moedas, pedidos e esperanças.
Outra tradição dos tempos coloniais, resgatada este ano pela Irmandade dos Passos, é a celebração de uma missa em frente ao Passinho da Piedade, no Largo do Rosário, em frente ao Museu de Arte Sacra. Era das grades das celas daquele prédio setecentista, onde no século XVIII funcionava a Cadeia Pública, que os presos, condenados à forca, assistiam sua última missa e pediam o perdão celeste para suas penas e culpas, antes de subirem, arrastados, para a morte infame no cadafalso armado no alto do Morro do Bonfim.
Texto e foto: Antonio Emilio da Costa
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