Há dois anos, exatamente no dia 3 de dezembro de 2009, São João del-Rei recebeu uma boa notícia, há muito esperada: o tocar dos sinos de nossas bicentenárias igrejas foi finalmente reconhecido pelo Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN como patrimônio imaterial brasileiro. Passou, assim, a integrar a pequena lista dos bens culturais imateriais classificados como riqueza cultural de nosso país.
Como se trata de uma valiosa conquista para a cultura e para a memória de São João del-Rei, pelo que representa em termos de salvaguarda, preservação, divulgação e difusão de expressão tão peculiar de nossa terra, data e fato não podem ser esquecidos. Ao contrário, precisam ser sempre lembrados, pois os toques dos sinos tão incorporados estão ao cotidiano são-joanense que muitos da terra, tão ordinariamente acostumados aos seus ritmos e sonoridades, neles não percebem mais nada de excepcional.
Pouco a pouco a linguagem dos sinos de São João del-Rei vem ganhando cada vez mais notoriedade e visibilidade, mas esta repercussão ainda não é o bastante para fazer jus ao seu real significado e importância como expressão artística e cultural. Em sua maioria, os registros produzidos e existentes são isolados e afetivos, o que lhes garante grande espontaneidade mas os priva de qualidade técnica e concepção estratégica. Há clips interessantes sobre os sinos são-joanenses voluntariamente produzidos e postados no Youtube; há alguns anos foi produzido o DVD Entoados, há pequenos estudos publicados na internet, mas falta, por exemplo, um CD com o registro dos toques mais sofisticados e expressivos e um documentário, com base em estudos históricos e na história oral sobre a atividade sineira em São João del-Rei.
Fazendo modestamente (e com bastante humildade) sua parte, o almanaque eletrônico Tencões & terentenas, a partir desta edição, divulgará um abecedário dos toques sineiros de nomes mais pitorescos e originais executados em São João del-Rei. Vamos a eles:
Agonia (toque) - Nove pancadas no sino principal da irmandade ou confraria a que pertence o irmão agonizante. Normalmente o espaço entre as pancadas corresponde ao tempo de se rezar uma Ave Maria. Por origens históricas, não é incomum que esse toque seja feito no sino da Igreja de Nossa Senhora das Mercês independentemente de o cristão doente ser ou não filiado à irmandade ali sediada.
Almas (toque) - Assim é chamado o último Angelus do dia, executado em horários diferentes, segundo duas estações do ano: às 21 horas no verão e às 20 horas no inverno. Possivelmente a dicotomia verão / inverno foi a forma encontrada para identificar a diferença dias mais longos, mais regidos pelo sol, e dias mais curtos, quando anoitece mais cedo.
Angelus (toque) - Nove pancadas espaçadas no sino principal das igrejas, ao meio dia, às seis da tarde e às 20 ou 21 horas. Do mesmo modo que o toque das Almas, o toque do Angelus é executado diariamente durante todo o ano, exceto na Sexta-Feira da Paixão e no Sábado de Aleluia.
Canjica queimou, Pé de galinha ou Canjiquinha (repique) - Bastante movimentado e alegre, é usado nos finais de festa em todas as igrejas, exceto na Matriz de Nossa Senhora do Pilar.
Chagas ou Morte do Senhor (toque) - Quatro dobres bem espaçados de uma pancada no sino da Irmandade de Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos da Matriz do Pilar, seguidas do "descaimento" do sino. É executado às três horas da tarde de todas as sextas-feiras do ano, exceto na Sexta Feira da Paixão.
Cinzas (dobre) - Dobre duplo bastante compassado e pungente, executado no sino do Santíssimo Sacramento da Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar, na Terça-Feira de Carnaval (Terça-Feira Gorda), às 21 horas, durante cerca de 10 minutos, como aviso de que haverá missa no dia seguinte. Tocado várias vezes, desde a manhã da Quarta-Feira de Cinzas, anuncia a realização de missa noturna e, durante a missa, é executado desde seu início até o final da imposição das cinzas. Finda quando se descai o sino.
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Fonte: http://www.horizontegeografico.com.br/index.php?acao=exibirMateria&materia%5Bid_materia%5D=1226
Sobre o mesmo assunto, acesse também:
. http://diretodesaojoaodelrei.blogspot.com/2011/08/tencao-do-rosario-de-sao-joao-del-rei.html
. http://diretodesaojoaodelrei.blogspot.com/2011/04/na-semana-santa-de-sao-joao-del-rei_20.html
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Como se trata de uma valiosa conquista para a cultura e para a memória de São João del-Rei, pelo que representa em termos de salvaguarda, preservação, divulgação e difusão de expressão tão peculiar de nossa terra, data e fato não podem ser esquecidos. Ao contrário, precisam ser sempre lembrados, pois os toques dos sinos tão incorporados estão ao cotidiano são-joanense que muitos da terra, tão ordinariamente acostumados aos seus ritmos e sonoridades, neles não percebem mais nada de excepcional.
Pouco a pouco a linguagem dos sinos de São João del-Rei vem ganhando cada vez mais notoriedade e visibilidade, mas esta repercussão ainda não é o bastante para fazer jus ao seu real significado e importância como expressão artística e cultural. Em sua maioria, os registros produzidos e existentes são isolados e afetivos, o que lhes garante grande espontaneidade mas os priva de qualidade técnica e concepção estratégica. Há clips interessantes sobre os sinos são-joanenses voluntariamente produzidos e postados no Youtube; há alguns anos foi produzido o DVD Entoados, há pequenos estudos publicados na internet, mas falta, por exemplo, um CD com o registro dos toques mais sofisticados e expressivos e um documentário, com base em estudos históricos e na história oral sobre a atividade sineira em São João del-Rei.
Fazendo modestamente (e com bastante humildade) sua parte, o almanaque eletrônico Tencões & terentenas, a partir desta edição, divulgará um abecedário dos toques sineiros de nomes mais pitorescos e originais executados em São João del-Rei. Vamos a eles:
Agonia (toque) - Nove pancadas no sino principal da irmandade ou confraria a que pertence o irmão agonizante. Normalmente o espaço entre as pancadas corresponde ao tempo de se rezar uma Ave Maria. Por origens históricas, não é incomum que esse toque seja feito no sino da Igreja de Nossa Senhora das Mercês independentemente de o cristão doente ser ou não filiado à irmandade ali sediada.
Almas (toque) - Assim é chamado o último Angelus do dia, executado em horários diferentes, segundo duas estações do ano: às 21 horas no verão e às 20 horas no inverno. Possivelmente a dicotomia verão / inverno foi a forma encontrada para identificar a diferença dias mais longos, mais regidos pelo sol, e dias mais curtos, quando anoitece mais cedo.
Angelus (toque) - Nove pancadas espaçadas no sino principal das igrejas, ao meio dia, às seis da tarde e às 20 ou 21 horas. Do mesmo modo que o toque das Almas, o toque do Angelus é executado diariamente durante todo o ano, exceto na Sexta-Feira da Paixão e no Sábado de Aleluia.
Canjica queimou, Pé de galinha ou Canjiquinha (repique) - Bastante movimentado e alegre, é usado nos finais de festa em todas as igrejas, exceto na Matriz de Nossa Senhora do Pilar.
Chagas ou Morte do Senhor (toque) - Quatro dobres bem espaçados de uma pancada no sino da Irmandade de Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos da Matriz do Pilar, seguidas do "descaimento" do sino. É executado às três horas da tarde de todas as sextas-feiras do ano, exceto na Sexta Feira da Paixão.
Cinzas (dobre) - Dobre duplo bastante compassado e pungente, executado no sino do Santíssimo Sacramento da Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar, na Terça-Feira de Carnaval (Terça-Feira Gorda), às 21 horas, durante cerca de 10 minutos, como aviso de que haverá missa no dia seguinte. Tocado várias vezes, desde a manhã da Quarta-Feira de Cinzas, anuncia a realização de missa noturna e, durante a missa, é executado desde seu início até o final da imposição das cinzas. Finda quando se descai o sino.
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Fonte: http://www.horizontegeografico.com.br/index.php?acao=exibirMateria&materia%5Bid_materia%5D=1226
Sobre o mesmo assunto, acesse também:
. http://diretodesaojoaodelrei.blogspot.com/2011/08/tencao-do-rosario-de-sao-joao-del-rei.html
. http://diretodesaojoaodelrei.blogspot.com/2011/04/na-semana-santa-de-sao-joao-del-rei_20.html
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